Love, love look what you’ve done to my heart…

domingo, 30 de janeiro de 2011

Assim vou eu,

... E meu reflexo me inquieta.



Vinte e nove.

Hoje é um daqueles dias bons.
Daqueles dias chuvosos e frios.
A gripe volta a incomodar e a chuva faz você sentir sono durante todo o dia.
A noite, mais negra do que todas as outras, hoje parece cansada.
Sem lua, sem estrelas, hoje só se ver a escuridão. O céu negro e vazio.
Apenas um buraco em nossa volta.
Tudo quieto demais, parado demais.
O silêncio toma conta.
Nas ruas só se ver as poças d’água formadas pela chuva tempestuosa de mais cedo.
Ouvem-se os sapos.
Ouve-se o vento.
Está tão gelado aqui fora.
Minha camisola branca dança no vento gelado desse céu negro e vazio.
Minhas mãos brincam com as gotas de chuvas que caem em uma quantidade mínima e as madeixas me caem sob o rosto.
Flutuo.
Flutuo feita a folha seca que cai da árvore.
Espirro.
Espirro e danço.
Espirro.
O coração é tomado pelos sussurros do silêncio.
O corpo dança no ritmo do vento.
Encho-me do sabor de terra molhada.
Suspiro.
E a canção acaba.

Nada mais.

Milhões zombam de mim. De minha dor. De minha insignificância. De minha mediocridade. Sempre zombaram...
E eu sempre disse ser indiferente. Acreditei ser superior. Agi como superior. Aniquilei todos aqueles que ousaram se desfazer de mim. Aqueles que um dia chamei de vermes. Os falsos. Os ratos. Os decompositores que se alimentaram de minha ruína e miséria.
Obtive paz durante alguns dias. Esqueci-me daqueles que sempre insistiram em me tirar a paz. Habituei-me a ausência deles, derrubei os muros de proteção, gritei minha dor sem medo dos risos repletos de egoísmo e ódio da platéia que me assistia.
E eis que de repente os ratos voltam - às vezes penso que eles nunca foram embora, apenas me permitiram alguns dias de sossego; Eles voltaram repletos de impiedade e destinados e me verem no chão.
Surpreendi-me com o retorno deles. Fiquei irritada. Desnorteada. Preparei-me para o combate outra vez. Quis destruí-los. Eis então que a razão e maturidade me bateram a porta. Abrir e eles me disseram para seguir, disseram-me que se eu continuasse a combater os vermes que insistem em me rodear eu acabaria me tornando uma ratazana como eles. Feito ratos brigando pelo pedaço de queijo apodrecido que se encontra no lixo. Eles tentando me tirar a paz, divertindo-se com a minha impaciência e eu sempre tentando-lhes provar da minha superioridade.
Resolvi ser indiferente aos ataques. Resolvi não atacar de volta. Mas não deu. Foi impossível ficar tranqüila e não sentir raiva. Continuei seguindo. Dessa vez eu fingi uma indiferença que não existia. Fingi uma tranqüilidade inexistente. Mas os ataques continuaram. Parece que farejaram no ar que eu só queria paz. E não satisfeitos, continuaram a atacar sem piedade. Tentaram me levar ao inferno. Mas ainda assim continuei seguindo.
E eu que sou tão pouca coisa não entendo o motivo de tanto sentimento ruim direcionado a mim. Uma vez, um colega me disse: - É sempre assim, os bons são sempre vítimas dos ruins. Ouvir isso me consolava, sempre que sofria um ataque lembrava-me dessa frase e tentava me sentir melhor.
Por algum tempo essa desculpa serviu-me de calmante. Mas hoje, ela já não é o suficiente. Caí na real e vi que não sou boa, não sou melhor e nunca fui. Então por que ainda assim eu continuo sendo atacada? Por que eles desperdiçam tanto tempo tentando me ferir, será que eles não vêem que já sofro o bastante? Talvez eles não tenham percebido que aquele sorriso não significa alegria, não representa a melhor vida possível. Ele é apenas um sorriso. Um desabafo. Uma esperança. Uma fé na vida, na natureza e nas pessoas.
Ah, as pessoas... São tão lindas, cheias de vida e brilho. Pena que elas não conseguem enxergar a beleza que as habitam. É triste ver tanta destruição. Rancor. Inveja. Ódio. Egoísmo e tristeza.
Elas se destroem e ainda se acham no direito de reclamar da infelicidade. Perdem tempo tentando causar a infelicidade alheia ao invés de se concentrarem na suas alegrias.
Ah, a humanidade me entristece...
Cada dia mais me custa acreditar nas pessoas. E se digo isso sou tachada de desumana. Sendo que a culpa não é minha se alguém esqueceu o que é realmente ser humano.
“Errar é humano”. Sim, errar é humano. Acontece que as pessoas só cultivam o lado negativo do que é Ser Humano.
Cansei de acreditar. Cansei de esperar. Eu só quero ficar em paz, em paz...
Aos vermes que se alimentam de minha miséria, só me resta sentir pena.
Pena e nada mais.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Leitura

"Escrever é me revelar. É a corda no pescoço, são as labaredas que avançam contra mim, uma herege condenada.
...
E eu ardo. Não fujo.
...
Apenas escrevo...
...
Me mato e me curo,
Me jogo nas chamas e me renovo.
Me faço voar até o Sol, e deixo as minhas asas de cera se derreterem, e caio.
O Céu e o Inferno se fundem, e eu apenas escrevo..."



terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Delicate.

     Hoje Rubião voltou a tocar-me. Voltei a sentir aquele misto de Tudo&Nada. Aqueles sons. Aqueles sussurros. O vento. Os toques. Aquela infinita conversa contida no íntimo de nossos olhares... Ah, tudo isso, tudo o que houve, tudo o que não foi, fez um bem danado para a mente. Fiquei livre de todos os pensamentos. Flutuei entre as nuvens. Corri sob as árvores. Fui feliz, pude livrar-me de tudo. Tudo... No entanto, tudo isso, tudo o que houve, tudo o que não foi, fez a alma ficar apertada. Um tanto espremida como uma laranja. Murcha como um maracujá velho que amadureceu lindo e saboroso, mas que foi rejeitado e esquecido, e então murchou e apodreceu no pé, até um vento forte passar e derrubá-lo sob o chão duro e sujo. Sujo... E fiquei ali, sentindo aquilo, algo lá dentro, no mais íntimo. Aquela coisa sem nome. E foi apertando mais e mais. Foi espremendo a laranja já sem suco. Não é nada forte. Não é nada insuportável. Não é Ão. É Inha. É pequenininha. Devagarzinha. E aperta devagarzinho, tudo bem Inho e Inha. Aquela coisa que vai destruindo aos poucos. Que faz sentir borboletas no estômago ao passo em que essas borboletas se transformam em um vendaval que assola o coração já debilitado. Que deixa a respiração ofegante. Devagar, pára. O coração bate a mil e a zero. Tudo ao mesmo tempo. Tudo&Nada. Dor&prazer. Amor&Morte. Morte...Então choro, me debato contra o chão sujo e duro no qual o maracujá murcho caiu. Me espremo como se fosse a última laranja. Me reviro. Respiro o mundo de uma única vez e sinto o ar faltar-me. Tão cheia. Tão vazia. Me acabo em lágrimas e dores inexistentes, mas que meu corpo insiste em sentir. Me perfuro com facas afiadas, sangro. Me rasgo entre os galhos secos das árvores. Me encho de espinhos. Caio em um rio sujo e repleto de morte. Animais famintos me cercam. O ar parece fugir dos pulmões e fico cheia demais. Cheia de nada.  Penso: -Talvez se eu gritar alguém me ouça e me socorra. Mas não, a voz não saí. Já não há grito. Já não há ninguém. Já não há nada. Sem ar, sem movimento, sem voz, sem as lágrimas que em outrora foram abundantes, me espremo cada vez mais. Sinto todo o meu corpo retorcido, mesmo tendo a certeza de está sentada, imóvel, sem sequer uma lágrima ter escorrido dos olhos. E penso: -Estarei eu louca? Não, eu não sou tão sortuda assim. Esvazio-me de ar, de forças, de palavras e encho-me de angustia e de uma coisa ainda não descoberta pelos senhores que tratam dos males que afligem os humanos. Aquela coisa ainda sem nome e sem cura. Sem cura... E quando penso em ir, em fechar os olhos e adormecer, vejo aqueles olhos grandes e profundos a me olhar. É Rubião. Sim, ele ainda está ali, e eu ainda estou aqui. Ainda estamos a nos olhar. Nossas almas ainda conversam e quando eu quase adormeço, ele sorri e diz adeus. Então a voz, a força, o ar e as palavras retornam. Ele se vai e a canção chega ao fim. Volto a sentir o ar e tudo o mais. O mesmo mais de sempre. O mesmo nada... No fim de tudo, uma lágrima escorre e então o dia chega ao fim.

 Isso é apenas delicado♫ ♪
Delicado... 


Última canção

E depois de tanto tempo longe. Longe de tanta coisa. Longe das pessoas. Longe do mundo. Longe das palavras e canções... E depois de tanto tempo tentando me encontrar, eu só pude ter certeza de uma única coisa: a tua certeza. A certeza da falta que me faz. Certeza que não é apenas um falta/dor/sentimento inventado. Certeza que terei que levar isso comigo até o fim. Certeza que será para sempre. Sempre...
Canções.
Nós sempre fomos canções.
Canções e mais canções. 
Violinos, guitarras... 
Sons, nos resumimos a sons. 

Aos nossos sons.


Nosso doce dezembro.



sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Dear God

Hoje, eu estive ouvindo uma canção. Uma canção que há tempos não ouvia com a desculpa da minha 'evolução' musical. Mas a verdade, é que ela faz parte de um passado, um passado que preciso superar, e por isso, só por isso não a ouvia. Hoje, ao ouvi-la, foi como rever e reviver aquele Ontem. Pude ouvir todas aquelas palavras e músicas e planos e pessoas e sentimentos e cores e risos e lugares e então as lágrimas caíram mais uma vez. O peito apertou, a garganta ficou amargada e aquela canção ali, me destruindo mais uma vez. 

Fiquei ali, morrendo várias e várias vezes. Tentando por vezes, cantar aquele refrão que me furava a alma. Não tive êxito em nenhuma das tentativas. A voz falhava. Falhava...


PORONGAS, Los



Uma palavra quente rente à boca
Alguma roupa rota ou assinada
Nada além de esconderijo
Tudo bem
Muito além de tudo isso
Tudo sem
Nem pudor, nem compromisso

Anseios temperados com receios,
Paranóias e outras dúvidas 

Nada além de esconderijo
Tudo bem...

Ter que acordar
Sorrir
Cumprir
Cumprimentar
Admitir
Fingir
Dançar, dançar, dançar...

No infinitivo perpétuo
De 24 lentas horas
de 24 horas

Nosso pequeno moderno mundo pequeno moderno
Nada doce, nada eterno
Uma infinidade de termos
Para sermos iguais
Nada além do que satisfaz

Leitura



BANDEIRA BRANCA

"...amor, eu peço paz. pela saudade que me invade, eu peço paz."
Se eu tivesse te abraçado, ao menos uma vez, e se eu tivesse me encorajado e ido ao teu encontro e dito, palavras entre sussurros, que são bem melhores recebidas do que os caracteres de qualquer texto bem elaborado. Ah, se eu tivesse passado os dedos em teus cabelos, molhados os teus lábios com os meus, sorrido diante dos teus olhos pequenos. Se eu tivesse te encantado com minhas bobagens e se eu te convencesse de que o destino teme que a gente só espere por ele. Se eu tivesse dito que te amo, entre lágrimas e não em tom de brincadeira e se eu tivesse levado a sério todas as vezes que você me correspondeu. Se eu tivesse me iludido, mergulhado, sem reservas. Ah, se eu não tivesse me despedido antes da hora e desacreditado na possibilidade de ser feliz ao teu lado. Se eu não tivesse achado bom demais pra ser verdade, e sentido o gosto do medo no mesmo prato onde saboreei alegria. Se eu tivesse alimentado, te enchido de carinho mesmo à distância, se eu tivesse nutrido o amor com tudo que ele precisa para dar os primeiros passos e alimentar-se por conta própria. Se te amar em silêncio bastasse, se eu não sentisse tanta saudade, se eu não sentisse a tua falta doer tanto. Se você tivesse vindo, e pudesse me convencer de que eu estava enganada, de que eu não precisava temer e tivesse me abraçado ao menos uma vez, eu saberia que valeria a pena esperar o tempo que fosse, fazer o impossível necessário e talvez não seria essa pessoa triste que sou hoje.
Dizeres - Aline/Luz

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

PORONGAS, Los

Diluída em lágrimas e outras invenções febris...



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Adriana


Hoje, nas entrelinhas das suas canções, ela veio me visitar e contou-me os segredos que poucos puderam ouvir e entender. Olhou-me e então eu compreendi como é dolorida a vida de quem é assim, tão só .

Amie

Rice&Lisa


Hoje a canção fala em voz baixa. Tudo tão cansado e sem cor. Rice parece dar seus suspiros finais. Cantando pela última vez toda a sua dor e miséria. Olhos fechados, deitado na grama enquanto cai uma forte chuva, ele canta, canta docemente, divinamente e tristemente. Há horas em que ele parece forçar a voz, mas ainda assim só sai sussurros daqueles lábios ressecados e molhados da chuva.

Lisa fica ali, olha-o, canta e chora. Acaricia os cabelos e fica vendo-o morrer. As lágrimas misturam-se com as gotas de chuva e então ouve-se um grito. Lisa grita, e no instante seguinte fica ali, paralisada e sem nada. Nada.  Beija aquela face já sem vida e continua a cantar enquanto as lágrimas insistem em cair.

Lisa lembra de dezembro. Lembra das palavras, das canções, dos olhares e dos toques. Seu coração inunda-se da dor da perda. Seu outro lado já não existe, está destinada a sobreviver nesse inverno frio e chuvoso sem o único que seria capaz de aquecê-la. 

A chuva aumenta e Lisa adormece em cima daquilo que já foi sua cura. Mesmo com a pneumonia a me maltratar, me arrisco e saio naquela tempestade. Fico ali juntando os pedaços de Lisa e Rice, e então o dia termina.

Anne.

domingo, 9 de janeiro de 2011

_____

Tenho um sério problema de nunca esquecer do passado.
Nunca.
E ele tem estado tão presente nesses dias.
E hoje todos os passados, estão me matando.
Todos.

Sem nome

Sinto-me caindo mais uma vez.
E eu já estou ficando cansada de falar sempre das mesmas coisas.
De dor, de vazio, de chuva, de falta, de nada.

Mas hoje eu sinto tanta coisa.
Tanta coisa que não tem nome.
Não tem definição.

Meu coração inunda-se de uma vontade imensa de chorar.
E eu já não consigo forçar o sorriso.
Tristeza...

Tão pesado, tão indescritível.
Deixa meu peito assim, todo miúdo e moído.
O corpo sem forças.

Sinto-me afundando nessa cadeira.
Sinto-me flutuando entre as nuvens.
Vejo tantos risos e só sinto vontade de chorar desesperadamente feito criança.

As lágrimas não caem e essa coisa no meu peito só aumenta.

Só aumenta...

Wish You Were Here

Agora me angustio tentando entender o por que de você voltar a me assombrar.Já que foi tão simples para você, poderia ao menos me deixar seguir. Me deixar levar e 'esquecer' todo o nada que fomos e tivemos. Estou tão frágil, você não pode continuar brincando assim. Você decidiu sumir, então suma de vez. Sem mais aparições! Não me vigie. Não me leia. Não me veja...
Agora todas as canções voltaram a ter nome. E todas as vozes são tuas. Os pensamentos fazem a cabeça doer.
 Voltei a sentir todas as sensações e sentimentos do mundo, aqui dentro do peito. A respiração ficou ofegante e as mãos trêmulas. Uma tempestade se aproxima e com ela toda essa loucura você fez renascer dentro de mim. A verdade é que eu queria que estivesse aqui.

"Como eu queria, como eu queria que você estivesse aqui
Somos apenas duas almas perdidas
Nadando num aquário
Ano após ano
Correndo sobre este mesmo velho chão
O que encontramos?
Os mesmos velhos medos
Queria que você estivesse aqui"
 [David Gilmour/Roger Waters - Pink Floyd]

Ah meu bem, por que teve que partir? Por que teve que me fazer derramar tantas lágrimas? Foi tanta dor... E agora, agora que o coração quase bate por um outro alguém, tenho que pedir que fique longe. Bem longe. Permita-me seguir.

"Eu quero que você saiba
Que eu queria que você estivesse aqui"

Mas não está, e pensar nisso só me causa dor.

"E eu sou muito mais
Do que todos os meus medos
Do que todas essas lágrimas
Minhas lágrimas, é"

Seguindo...


sábado, 8 de janeiro de 2011

Inveja.

Hoje a inveja da Elisabeth me corrói, me tortura fazendo-me pensar: - Que sortuda não?!
A verdade é que hoje, ao ver todo o amor e carinho dedicado a Elisabeth, as lembranças retornam e com elas toda a dor das promessas perdidas no tempo.

E sinto tanta vergonha de está me sentindo assim.
Mas a verdade é que hoje eu sinto, sim, eu sinto.
Muita inveja da Elisabeth.
Da Elisabeth...


Anne

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Ama-me

Eu sei que sentir paixão por ti seria o ato mais suicida já cometido.
Mas é que está ficando cada vez mais difícil de evitar isso.
Então o que faço?
Eu sei que é dor na certa, mas eu preciso tanto gostar de alguém como em outrora.
E tu és o único que faz meus olhos brilharem.
Oh céus, entre milhares e milhares, por que tinha que ser logo ele?
Eu sei que é suicídio.
Mas ainda assim, peço:
Ama-me, ama-me intensamente, e verdadeiramente e apaixonadamente.
Apenas ama-me.

Anne

Abraça-me

Hoje é uma daquelas noites em que até o ar que respiro me fere. O corpo dói, o coração chora e a alma sangra. Nem os amigos puderam me tirar desse coma... O estômago ardeu. A coluna incomodou. A cabeça doeu. Apenas quis vir correndo para os teus braços. Hoje a tua voz seria o meu remédio. Tua voz com doses de teus toques em meu corpo doente e cansado conseguiriam parar essa hemorragia que me consome. 
E eu estou aqui, jogada aos teus pés, em pedaços, sangrando e gritando de dor e de necessidade tua. Não do teu corpo, mas tua, apenas tua. E ainda assim, você não me ouve, não é capaz de enxergar esse sangue que me cobre o corpo.
Entende agora porque digo que não posso acreditar em tuas palavras? Dizes que me ama, mas não é capaz de dizer nem ao menos um Bom Noite quando mais preciso. 
Ah... Tenha certeza, isso dói bem mais em mim do em que você, porque só Deus sabe como eu queria poder acreditar no teu amor, como gostaria que fosse de verdade, porque eu gosto de verdade, mas infelizmente não é, e não vou me enganar.
Então, eu estaria pedindo muito se quisesse trocar todas as tuas declarações por um forte abraço?


Mata-me...


Toda tristeza da tua voz, a loucura dos teus gemidos e beleza do teu olhar, só me mata.
Só me mata...
Por que tu tinhas que direcionar todo esse amor a mim?
És lindo e tão mortal.
Como poderei resistir a isso?
O renegado, o esquecido, o nada...
Por que tinhas que me tocar?
Por que não me deixas ir?
Tu és amor.
Tu és doença.
Tu és dor.
Tu és prazer.
Tu és a cura.
A cura que mata.
Apenas mata.

Anne.



quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Falling Down

Cantou mais alto nessa alma que já não entende mais nada:


"Eu estava chamando seu nome
Mas você nunca me ouviria cantar
Você não me deixaria começar
Então eu estou rastejando para longe
Porque você partiu meu coração em dois
Não, eu não vou te esquecer"
(Falling Down - Muse)



Anne

Lamentações

Pintura de John Henry Fusli, o sonho do pastor, 1795.


Tenho me arrastado, me agarrado a qualquer parede, por mais velha e frágil que seja, apenas na ânsia de não deixar morrer o que ainda há de belo em mim. Minha humanidade, toda a minha humanidade, aonde foi parar? Já não a sinto aqui dentro. Não quero me perder entre tantas pessoas e lugares e sentimentos. Aos poucos, estou me tornando a sombra daquilo que eu um dia eu fui. E fui lindamente. Não quero deixar morrer esse imenso amor que trago aqui dentro pelas pessoas. Sim, eu sei, poucos são os que merecem. Mas meu coração não me ouve e insiste em amar a muitos. E esse amor só vem me trazendo sofrimento e dor. Quem foi que disse que amor traz paz e felicidade e sorrisos e calmaria? Esse amor que caminha aqui dentro, só me destrói, me fere, me aprisiona a esse chão, as lágrimas e ao nada. Por que Deus permitiu nascer esse imenso amor em mim, se ele só significa minha morte? Às vezes penso que seria melhor ser apenas mais uma medíocre. Seria tudo tão mais fácil. Outras, tenho certeza que por mais dolorosa que seja essa minha jornada, fico feliz por saber que ao menos eu sinto de verdade. E que é um sentimento bom: querer bem a todos não deve ser nada ruim. Toda a crueldade desse amor, só fere a mim. Apenas a mim. E assim vou seguindo, amando os outros e me destruindo aos poucos. O que pode ser mais cruel do que essa morte lenta e silenciosa?

 "A imagem dessa paixão acompanha-me por toda parte e, também eu, presa do mesmo fogo, ardo e entristeço-me." (Werther para Wahlheim - Goethe)


Anne.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A minute longer

Os olhos ardem e tenho dificuldade para engolir o arroz que tanto mastigo.
Olhos vermelhos.
Olhos inchados.
Olhos tristonhos.


Os braços cansados e a coluna doída.
Sinto cansaço.
Sinto desanimo.
Sinto falta.


Não, eu não sei do que sinto falta.
Dele? Sim, provavelmente sim.
Mas hoje, eu não sei dizer com exatidão se ele me faria acordar desses dias sem vida.
Essa tristeza não vai embora e também já não sei se a quero longe.


Já é tão corriqueira que não sei ao certo se me habituaria a ausência dessa que tem sido minha eterna companheira nesse inverno que insiste em não terminar.
Esse maldito masoquismo que me faz apreciar e ver beleza e divindade em toda essa dor.
Essa melancolia que me deixa em pedaços... Pedaços...Já não sei aonde os meus foram parar.


As vezes, eu sinto falta de respirar.
Porque essa dor tinha que ser tão cruel?
Eu queria respirar, voltar a sentir o ar, mesmo que fosse por pouco tempo, isso já me bastaria.
Já faz tanto tempo que não sei se ainda saberia como se faz [respirar].


As lembranças estão se dispersando em meio a essa angustia que tem me tomado os dias.
Meu corpo está sofrendo dos males que atingem todos os corpos.
Está maltratado e sujo, jogado, doente e frágil.
Minha'lma vai se desfazendo entre as canções e o pobre coração já quase não bate.


Tudo dói, tudo fere.
Mas todo esse sofrimento está direcionado ao corpo e a alma.
O coração está parando, está cansado e debilitado.
Às vezes penso seriamente em jogá-lo fora, mas sou tão apegada a tudo que é meu - e ao que não é; que não saberia como viver sem ele batendo aqui no peito, mesmo que seja assim, lentamente, por vezes quase parado, mas aqui, em mim.  


A minute longer
O que preciso é um minuto a mais antes de dizer adeus a tudo aquilo que me prende a esse chão.
Um minuto a mais para me despedir daquilo que esteve ao meu lado nos dias quentes de verão e nas fortes chuvas de inverno.
Um minuto a mais: Think i'd like to stay for a minute longer.


Anne.

As meninas



Meninas, eu sei o peso desse sentimento que trazem no peito.
Sei como é amar tão intensamente que esse amor signifique sua morte.
E é triste ter que dizer isso, mas não vou enganar-lhes dizendo que tudo vai passar.
Não, não vai passar.
Sei como é pesado, sei como é dolorido, mas é preciso seguir.
Não posso trazê-las comigo, seguir é uma decisão que só cabe a vocês, minhas meninas.
E se eu pudesse, eu também não seria a pessoa mais indicada para fazê-lo.
Ninguém vê, ninguém percebe, ninguém escuta, mas assumo a vocês que nas noites de frio eu ainda grito de dor e saudade.
Que eu ainda deixo escorrer algumas poucas lágrimas por fora e que por dentro eu me desmancho toda.
Ainda me torturo com algumas canções e lugares.
Vêem? Eu não sou tão forte assim.


Esse amor que levam consigo, assim como eu já levei, sempre findará na morte.
Sim, sempre.
Findará na morte porque ele será demais, será mais intenso do que seus pobres corações e almas podem suportar.
Pesado demais, ele vai doer, doer muito.
Aos poucos, ele irá lhes matar.
Irá transformá-las em algo que não são.


Quando isso acontecer, vocês terão que optar entre matar esse amor e continuar vivendo.
Ou continuar vivendo esse amor que só lhes matam.
Se resolverem matar o amor e continuar vivendo, infelizmente devo-lhes informar que será uma vida morta.
Uma parte de vocês irá morrer juntamente com esse amor.
Uma vida sem algo.
Sempre faltará algo.


Como podem ver, nenhuma das opções é linda, nenhuma causa prazer e felicidade.
Ah, felicidade.
Felicidade vocês poderão ter sempre, basta saberem ser feliz com o que tiverem.
Se souberem reconhecer o valor de um sorriso sincero, de um abraço apertado e de um olhar apaixonado.
Vocês conseguirão ser felizes. 


Decisão.
Tudo é questão de conseguir decidir.
E isso é algo que só cabe a vocês.
O que me resta a fazer é está aqui para fazer os curativos, que provavelmente nem serão muito eficazes.
É tentar estancar o sangue que será derramado.


Irei abraçá-las, e sorrirei quando a lágrima quiser cair.
Estarei aqui.
Aqui.


Anne.

O encontro

É estranho. É misterioso. É sozinho. É estudioso. É belo. É frio. É distante. É muito. Mas pouco se sabe a seu respeito. É uma multidão de coisas a serem descobertas... Acompanhado dos livros, ele mora entre os corredores da biblioteca e as trilhas do Parque Zoobotânico. Hoje, o vi sorrindo, com os olhos, para o livro que devorava lentamente. Fiquei presa aquela cena. Não sei ao certo o que senti, não sei ao certo se senti. Não sei por quanto tempo fiquei a espioná-lo entre os livros. Sem pensamentos, sem sons, sem nada. Apenas aquela coisa indefinida.  Aquela coisa que julgava sem sentimentos, que julgava sem nada. Ali, bem ali, sorrindo, amando, aquele pedaço de papel, velho e mau cuidado. Aquelas palavras que aos comuns são tão normais e sem nada. Mas ele não é comum, não é como os outros que parasitam e se embebedam para ter que sorrir. Os outros que precisam pagar para sentir o ‘bem estar’. Ele é diferente. Encontra o ‘bem estar’, o refugio, o amigo e alegria naqueles livros empoeirados e esquecidos pelos outros. Ele parecia amar tudo aquilo. E eu não conseguia deixar de olhá-lo. Os livros que trazia comigo, foram escorregando lentamente, e sem eu me dar conta, eles estavam no chão. Então ele olhou-me assustado e veio em minha direção. Fiquei paralisada enquanto ele arrumava os livros que deixei cair. E sem dizer uma única palavra, ele se foi. O bom velhinho da biblioteca chegou e deu-me aquele amontoado de papéis que continha o sofrimento e as lamentações do jovem Werther. Encaminhei-me até o balcão, assinei o contrato de empréstimo de velho Goethe, enquanto isso, eu pude sentir que ele estava a me olhar de longe, era tão gelado e doente, deixou-me perturbada e ainda mais curiosa... Saí dali.

Anne.

Rubião

Hoje conheci Rubião.
Rubião o estranho dos corredores da biblioteca.
O calado com olhar frio e as mãos geladas.
Rubião me olhou de uma forma perturbadora.
Voltei ao passado e te vi a me olhar entre os livros.
E então o senhor da biblioteca achou o livro que eu precisava...
E Rubião se foi.



Vergonha da dívida não paga

Olho ao redor e vejo as pessoas e seus milhões de problemas.
Olho ao redor e vejo todos suplicando por ajuda.
Olho para mim e só vejo o vazio.
Como poderei ajudar tantas pessoas se aqui dentro já não há nada?
Eu tenho uma dívida tão grande com elas.
Elas que me acolheram na noite em que a tempestade se fazia forte.
Elas que me curaram a pneumonia.
Elas que me vestiram e zelaram meu sono.
Não sou ingrata.
Minha dívida é enorme e queria ter como pagar.
Mas a verdade é que não tenho nada a oferecer.
A verdade é que me doem vê-los sangrando.
Mas é verdade também que não tenho forças para tirá-los daquelas trincheiras.
Não tenho mais nada.
Só o vazio.
O vazio que me tornou alguém vazia.
O vazio que tornou minhas palavras vazias.
Que congelou as lágrimas e o coração.
Eu só sinto dor.
Dor e vazio.
Vazio e frio.
Frio e chuva.
Chuva e nada.
E mais nada.

Anne

Por ti Ólafur.


Continuo a me embebedar em teus sons e a vida continua a cair nesse quarto vazio e empoeirado.



Leitura

VAZIO

Vazio, profundo e eterno, é o que sinto, a me perturbar, a me consumir. Já não sou mais humano, ainda não um deus e ainda não uma besta. Talvez mais humano do que eu gostaria de ser ou de admitir, pois sim, uma grande vitória não está em descobrir o que você realmente é, e sim admiti-lo. Qualquer verme pode descobrir quem realmente é, mas poucos podem aceitar o que são.  

Então eu olho em minha volta e tudo o que sinto é desprezo, ódio, fúria e uma terrível solidão. Sou único, sou uma espécie única vivendo no meio dos símeos sem cauda (e sem cérebro), envolto de ignorância tristeza, agonia. Esta é minha terrível sina? A eterna solidão? Não quero sua misericórdia, pois dela não preciso, não iria mudar nada mesmo. Você não seria tão bom quanto eu, e eu não iria me rebaixar, jamais.  
Tenho então de me tornar um ser auto-suficiente, independente de outros. Mas até o mais perfeito sente necessidade de um beijo apaixonado, de um abraço amoroso, de uma noite de prazer, e eu não sou exceção a isso. Não pense que eu quero seus beijos sem gosto, seu falso abraço ou sua vagina banalizada, eles não iriam me satisfazer.  
Nada pode ser feito, só alimentar meu sonho que há outras como eu. Até lá, devo continuar no escuro, como sempre.  

Levy Henrique Bitencurt Filho